terça-feira, 29 de setembro de 2015

Terra prometida: Diretora da Sudam recebeu doação de produtor rural envolvido em grilagem de terras da reforma agrária


O produtor rural Marino José Franz, ex-prefeito de Lucas do Rio Verde (MT), preso na Operação Terra Prometida por ser, segundo o Ministério Público Federal, o braço financeiro da organização criminosa que movimentou R$ 1 bilhão na comercialização ilegal de terras da reforma agrária, ajudou a financiar, nas últimas eleições, a campanha da ex-deputada federal Fátima Pelaes no Amapá. O empresário doou como pessoa física R$ 380 mil para a parlamentar.

Marino José Franz conseguiu autorização do governo federal para explorar dois portos e, ao mesmo tempo, implementar o escoamento de sua produção de grãos em Mato Grosso. Com articulação da então deputada federal e do ex-ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB), a Cianport, empresa de Marino, ganhou concessão de 25 anos para operar o terminal do Porto de Miritituba, no Pará. Também assinou contrato de adesão para o Porto de Santana, no Amapá. As concessões, expedidas pela Secretaria de Portos, são prorrogáveis por igual período.

Para investir R$ 370 milhões nos dois terminais, o empresário recebeu um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O anúncio do contrato de adesão da empresa de Marino, a Companhia Norte de Navegação e Portos (Cianport), foi feito pelo ministro Neri Geller em 27 de outubro do ano passado em evento realizado na capital de Mato Grosso. O investimento anunciado pelo grupo foi de R$ 250 milhões. Na ocasião, o ministro explicou que, no Porto de Santana, R$ 220 milhões seriam aplicados no terminal e os outros R$ 30 milhões na construção de estruturação de silos.


Fraude bilionária - O foco da investigação da Operação Terra Prometida foram lotes do projeto de assentamento Tapurah/Itanhangá, em Mato Grosso. A área, destinada à reforma agrária, é a segunda maior da América Latina. Possui 115 mil hectares e é dotada de 1.149 lotes com 100 hectares cada. Foram expedidos 52 mandados de prisão preventiva, 146 mandados de busca e apreensão e 29 medidas proibitivas em 10 municípios de Mato Grosso, além de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. A investigação comprova que os trabalhadores rurais clientes da reforma agrária foram aliciados, coagidos e ameaçados para venderem ou entregarem os lotes, avaliados em R$ 1 milhão cada um. Até o momento, 33 pessoas foram presas. A estimativa é que cerca de 80 fazendeiros concentrem aproximadamente mil lotes da União que haviam sido destinados à reforma agrária. A fraude alcança R$ 1 bilhão, correspondente ao valor total das terras invadidas pelos fazendeiros.



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